segunda-feira, 13 de abril de 2015

POESIA - SERINGUEIRO, SANGRIA, A JORNADA DO SONHO BRANCO - THIAGO LUCARINI





Madrugada na floresta
O machadinho desperta cedo
Mesmo Caipora ainda dorme
Iara sonífera repousa em suas águas
O seringal floresce resistência
Bandeira de marcas do tempo
Ama láctea das árvores
Joia verde no meio da mata.
Com sua faca de sangria afiada e tinindo
O sangrador fere a casca maltratada
Já cheia de cicatrizes profundas.
Seringueiras incontáveis
Novo veio-seio lactífero aberto
Do sulco sagrado
Brota o sustento
Flui sangue branco
Para a cuia coletora de sonhos,
Látex, leite, alma
Da Floresta Amazônica.
Todos os dias o ciclo recomeça
Sangra o homem assentado
Sangra a mata soberana
Nesta vida de seringueiro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário