sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

POESIA - CATACLISMO - THIAGO LUCARINI


Abalou as estruturas
Terremoto de dentro pra fora
Derrubou tudo
Modificando a velha superfície
Permitindo o novo surgir
Foi assim, um cataclismo
Quando a lagarta entrou no casulo

Para renascer borboleta.

POESIA - PÉS - THIAGO LUCARINI


Ingrato
Incendiei meus pés
Como sou tolo.
Mesmo feridos meus pés
Continuaram a me carregar
Sofridos, torturados
Suturados, ensanguentados.
Bravos pés, a sustentar
A sina de um corpo.

Pés são as asas do humano. 

POESIA - DOMÁVEL - THIAGO LUCARINI


O coração de um homem
Pode se comportar
Como um mar revolto
Como uma imponente tempestade
Ou como um animal selvagem
Agindo apenas por instinto.
Porém, basta que o coração
Encontre o amor verdadeiro
Para que o mar se acalme
A tempestade se dissipe

E para que o animal seja domado.

POESIA - FLOR DO AMOR - THIAGO LUCARINI


Não há razão para amar
Simplesmente nasce
Germina, e
Quando menos se espera
A flor do amor
Desabrocha

Inundando o coração de felicidade.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

POESIA - MAL EVOLUTIVO - THIAGO LUCARINI


Esplêndida dor
Remissão salvadora
Chave da transformação
A semente de mostarda.
O talvez o mal
Seja só uma ferramenta
Impulsora da reação evolutiva
E o diabo um fantoche humano.

POESIA - O CORO - THIAGO LUCARINI


O coro vistoso
Canta a vida
Canta a morte
Canta o choro
Canta, canta, canta
O coro.

sábado, 21 de fevereiro de 2015

POESIA - ROSA BRANCA - THIAGO LUCARINI



Rosa branca
Tenra e doce
Salpicada de orvalho
Mas sedenta de ambição
Cansou-se da alvura
Tornou-se sequiosa pelo vermelho
Onde está à inocência rosa branca?
perguntei
Frígida respondeu-me:
  Na caixa colorida de infindáveis utopias.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

POESIA - CILÍCIO - THIAGO LUCARINI


Penitência sagrada
Carne em flagelos
Em busca de aceitação
Sacrifício voluntário
Desfaço minhas asas cárneas
No martírio de resignação
Abra-se o Céu redentor
Verteu sangue de entrega
A santidade abençoada chega
O humano se torna santo

Ao pôr sua auréola-cilício.

POESIA - LITHIUM - THIAGO LUCARINI


Eu tomo estes comprimidos
Farsantes coloridos, antidepressivos
Como galinha afoga-se em milho
Tolo, triste e sozinho
A vela-solidão acende sua chama
No meu quarto vazio
Cama, casa e coração choram a perda
De quem se foi para nunca voltar
O lençol meu fantasma particular
O travesseiro descanso das lágrimas
Só resta-me à melancolia
Pseudo-felicidade em pílulas, e

Estes malditos comprimidos.

POESIA - FADO DOS DESESPERADOS - BENJAMIM DAMINELLI & JOÃO BERNARDO HOFFMAN


Fui um tolo irremediável
Deixei escorrer involuntariamente
Por entre meus dedos falhos
O que eu possuía de mais precioso
Hoje pago o fado dos desesperados
Percorro caminhos na escuridão
Quase intransitáveis
Arrastando-me entre abismos
Meus pensamentos são frios
Como a frieza do mármore
Vago cego pelo declínio da vida
Aonde encontro apenas sangue e feridas
Minhas palavras de ordem
Devastação, ruína, destruição.
Quem sou eu?
Caos ou cacos?
Não sei!
Por favor, diga-me você.
Talvez tenhas uma perspectiva melhor
Da essência falha que sou
Caio, padeço, sofro, erro
Preciso de um anjo bom
Para dividir a densa cruz
Ou talvez dar-me asas
Para que eu possa
Sair deste buraco abaixo da vida
Do inferno no qual me atirei

Piedade, Senhor, Piedade.

POESIA - VIVO - THIAGO LUCARINI


Essa corrente pulsante
Vibrante e eletrizante
Percorrendo cada célula
Enigmática e profunda
De infinitas possibilidades, e
Capacidade desconhecida
As fibras se moldam
O pensamento voa
Pelo universo ‘eu’
O corpo respira
Sussurra existir
O coração bate feito tambor
Curva-se diante a vida
Glória a apoteose criacionista

Afinal, estou vivo!

POESIA - CHUVA DO FIM DO MUNDO - THIAGO LUCARINI


Outro dia comum
Saio do trabalho
Só mais uma alma ordinária
No meio do caminho
O mundo desaba em água
Os céus caem em véu
Lembro tarde demais
Que esqueci o guarda-chuva
Fico ali, na esquina da vida
Mexendo no celular
Esperando passar

A chuva do Fim do Mundo.

POESIA - IMORTAIS DO AMOR - PETER PIRES & THIAGO LUCARINI


Quero ter meu nome
Tatuado no teu sorriso
Minhas palavras gravadas na tua mente 
Meu abraço reconfortando tua alma 
Que os elos que nos ligam

Nunca enfraqueçam 
Que a ausência se torne saudade 
Não esquecimento 
Que nossas alegrias 
Sejam compartilhadas 
Nossas tristezas amenizadas

Que sejamos refrigério,
Alívio no deserto
Coletores de flores e desejos.
Venha vamos ao parque, meu amor
Ao pôr do sol quando o mundo
Cobre-se de crepúsculo e imaginação
Compraremos sorvete, balões coloridos, e
Algodão-doce, doce como amantes
Sejamos felizes, eternizando momentos
Simples, singelos e perfeitos
Que tenhamos uma vida plena e leve
Basta de sofrer em vão
Plantemos sorrisos no coração
Abdico meu ‘eu’ para ser ‘nós’

Imortais do amor.

POESIA - TERRA DOS VIVENTES - THIAGO LUCARINI


Ali era um lugar estranho
Repleto de violência
Julgamento, seres atormentados
Crimes, assassinatos, crueldade
Tristeza e pesar sólido.
A felicidade não passava
De um sol distante, utópico
Ali até parecia o mundo dos mortos

Contraditoriamente, era a terra dos viventes.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

POESIA - LUA-MUHER - THIAGO LUCARINI





 (FOTO: EVELYN POSTALI)

A Lua brilhou no firmamento,
Bela e esplendorosa
Dissipando a escuridão da noite
Ali distante e eterna.
Observou sua irmã mulher
A caminhar pela Terra.
Feminina, flor andante,
De semelhanças em semelhanças
Vivendo de ciclos e razões,
De nuances do existir.
Amadas, amantes e temperamentais,
Donas de sensualidade e volúpia
Atiçam o imaginário de deuses e homens.
Senhoras de segredos tão profundos
Mergulhadas em vazio e plenitude.
Transformam-se com elegância
Mesmo nas mais densas trevas.
Lua-mulher, mulher-lua.
Quem é quem?
Não importa!
O brilho está no céu e na terra.

POESIA - INFLORESCÊNCIA - THIAGO LUCARINI





É tempo de abandono
De deixar pequenas vaidades
Recolher as pétalas, e
Buscar sabedoria
Achar o brilho interno
Encontrar inflorescência
Na pele da alma
Buscando o sagrado
No humano e no Divino.