quarta-feira, 29 de abril de 2015

POESIA - NARCISO, FILHO DO REFLEXO - THIAGO LUCARINI




Rapaz mais belo não existiu
Narciso era torpor em beleza
Fascinava homens e mulheres.
Mas, orgulhoso, a todos ignorava
A si próprio bastava, belo e frio.
Até mesmo a repetitiva ninfa Eco
Por ele se apaixonou, mas ficou
Frustrada, pois de Narciso
Nada conseguiu.
Injuriadas, as rejeitadas de Narciso
Clamaram por vingança e pago
Nêmesis gloriosa atendeu ao pedido:
O jovem fora condenado, fardo
A apaixonar-se por seu reflexo.
Quando viu sua imagem num lago
Cristalino e tirano sentou-se as margens
Contemplando sua formosura, amarga.
 E ali, Narciso ficou sempre
As margens do seu eu autossuficiente
Até achar em sua beleza o próprio fim.

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