sábado, 25 de abril de 2015

POESIA - HADES - THIAGO LUCARINI


Profundo reino de cristal
Entranhado nas tripas da terra
De faces cansadas
E almas polidas
Do pó da vida
Cárcere do destino irreparável
Lar, estação dos mortos
Heróis nos Campos Elísios
Bem-aventurança dos justos.
Bem-vindos a última parada.

Flores murcham desabrocham
A beleza do fim.
Uma pessoa atravessa a rua
As Parcas cortam o fio da vida
(Coitado) nem viu o que lhe passou por cima.

Recém-chegado ao purgatório
Caronte, em sua barca, faz a travessia
Das almas benditas ou não, nas águas
Do Estígio, a embeber a lama mortuária 
Basta uma moeda e navegação garantida.

Portas do Inferno (tormento)
Cérbero, o guarda, três cabeças afiadas
Vigiam as possíveis almas fugitivas
A penitência deve ser aplicada.

Ali, além de homens, monstros e Titãs
Sucumbem no Tártaro, ardido, feroz
Caixão inquebrável dos velhos deuses

Após todo o traslado de vivo em morto
(Mortal ou imortal)
O senhor dos descarnados:
Hades faz a recepção
Dos novos moradores
E lhe dão de presente
Sua eterna condenação.

Hades, mundo inferior, de enigmas
Fundos e tempo de reflexão
O Hades como qualquer lugar
Tem seus louros, ouros e mistérios
Indizíveis e incalculáveis

Para descobri-los basta morrer.

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