segunda-feira, 27 de abril de 2020

POESIA - ALIEN - THIAGO LUCARINI


Quando olho para as estrelas
Reconheço vidas que desconhecem
Minha terrena existência,
Assim como quando olho para ti
Sei que desconhece todo meu amor,
Pois no teu céu sou
Sol adormecido,
Invisível.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

POESIA - VELHO CÉU DA TUA CARNE - THIAGO LUCARINI


(Ilustração: Tomasz Allen Kopera) 

Volto a lugares
Como se ali ainda houvesse
Parte da tua carne.
No vazio deixado claro
Vejo impressões do passado,
Um inferno construído
Das cinzas do Paraíso,
Momentos feitos de memórias
Que não voltam, e que portanto,
Fazem-me regressar na intenção,
De por acaso, achar um pouco mais
Daquele velho Céu.

terça-feira, 21 de abril de 2020

POESIA - ENDURECIMENTO - THIAGO LUCARINI

(Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Minhas pegadas
Fizeram companhia umas as outras.
Andei sozinho pelo caminho,
Devagar como se a vida não tivesse pressa.
Assim fui virando pedra,
Pois somente pedra suporta a solidão.
Hoje como toda velha estátua
Sou lar de muitas coisas
Menos para mim.

POESIA - FALSOS ANJOS - THIAGO LUCARINI


(Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Quando os anjos caem primeiro
É sinal que não existe salvação no Paraíso,
Não há Éden prometido a esperar.
Na queda de toda farsa
O medo desfaz a santidade,
O ar feito faca arranca as asas.
Os anjos ao chocarem-se contra a Terra
Quebram suas auréolas e apagam sua luz,
E assim, sem glória um anjo se torna humano.

POESIA - CELAS - THIAGO LUCARINI


(Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Tento tantas celas dentro de mim
Que me fiz prisão sem perceber,
E agora, quando olho para fora
Já não sei como ser livre.
Toda grandeza me assusta,
E se, por acaso, acho
A chave da minha liberdade
Eu a jogo fora.

POESIA - PRECE - THIAGO LUCARINI


 (Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Voo para fora da minha janela
Como um pequeno facho de luz
Em busca de algo longe
Dessas paredes pardas que formam
Alguns metros quadrados de solidão.
Viajo ao céu em busca de algum reflexo,
Mas nada acho, devido a minha pequenez
Não existe imensidão que eu possa cruzar,
Sem qualquer refração
Entre humano e divino
Volto à origem,
E só no chão, de janela fechada,
Como um Narciso invertido
Vejo minha feiura sem perdão.

domingo, 5 de abril de 2020

POESIA - FALA FERIDA - THIAGO LUCARINI

(Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Caio porque é sina,
Sinal da minha ferida,
E então, falo de mim
Como se não fosse eu,
Pois é mais fácil fingir distanciamento
Daquilo que lateja no avesso.
Ao falar como outro
Retiro parte daquilo que sinto,
Da dor alojada pelo corpo inteiro,
E assim, longe de mim pela palavra
Deixo longe a dor da ferida
Que é só minha.

POESIA - ESTIGMA - THIAGO LUCARINI

(Ilustração: Tomasz Allen Kopera)

Depois de tudo
Como separar meu corpo do teu,
Minha alma da tua,
Meu viver do teu.
Dói desembaraçar o que era dois
E agora volta a ser apenas um.
Um coração quebrado desfaz a ligação,
Mentiras dissolvem os nós
E depois de tudo, sou de novo
Aquele velho eu só, e de todo amor sobrou
Um estigma como impressão tua.