quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

LIVRO AFROFILIA


África Por Novas Linhas

            Composto por 49 (quarenta e nove) poemas escritos entre os anos de 2006 e 2012, o volume intitulado Afrofilia, a ser lançado pela Editora Multifoco no dia 21 de dezembro de 2012, é o primeiro livro de autoria do jovem escritor Hebane Lucácius a sair do prelo.
            Suas principais temáticas são a África, a africanidade e, em alguns momentos, a afro-brasilidade.
            Seu objetivo principal é abordar a natureza múltipla e plural do arcabolso sócio-cultural que tem a África por ponto de origem, despindo-o dos estereótipos com que se costuma revestir toda e qualquer ideia tecida acerca do continente africano, o qual, infelizmente, muitos ainda insistem em ver como um mero recanto sombrio de guerras, maselas, doenças, ditaduras, mistérios, misticismos e vida selvagem.
            Sendo assim, como forma de reforçar tal finalidade, o autor não teme convocar, seja pelo recurso da citação, seja pelo expediente da alusão, a participação discursiva e a cooperação poética das vozes de inúmeras figuras de vulto inerentes às cenas literárias e políticas africana e afro-brasileira, entre as quais, o ex-presidente da República da África do Sul Nelson Mandela, o herói revolucionário brasileiro João Cândido, o político e poeta senegalez Léopold Sédar Senghor, os escritores moçambicanos José Craveirinha e Noémia de Sousa e o poeta e líder pró-independentista angolano Agostinho Neto.
            Elementos como a marimba, a timbila, o atabaque, o tambor, o ngoma, a piana, a xipalapala, o berimbau, a capoeira, o jazz, o blues, o samba, o maracatu, os msahos, a escultura maconde em pau preto e a umbanda fazem clara representação da imensa riqueza cultural plasmada pelos negros.
Personagens como o Magaíza, o Velho Makhuwa, o Timbileiro Chope, o Maratonista Kalejin, o Maconde Encanecido, o Rei Nagô, o Escravo, o Trabalhador Contratado, a Negra que perde sua filha, Mazule – o tocador de marimba, Kedy – o que castigou o tambor, Mário timbila – o surpreendido pela guerra, e mesmo o Velho Cravo – José Craveirinha e a Vera Micaia – Noémia de Souza, ou os próprios Léopold Sédar Senghor, Nelson Mandela e João Cândido, encarnam os diferentes perfis que, ao integrarem-se, perfazem um todo adimencional denominado “ÁFRICA”. Um todo que é, ao mesmo tempo, uno e múltiplo.     
            Paisagens africanas, como a da legendária ilha de Muipiti, a da devastada cidade de Darfur e a do emblemático bairro de Soweto, não deixam de ser lembradas pelo autor de Afrofilia.
            Nem mesmo a pluralidade étnica do povo africano, representada por iorubás, bantos, nagôs, entre outros, é esquecida por sua poesia.
            Pontuam a obra as irrefutáveis influências dos poetas Castro Alves e José Craveirinha.
            Diante de tudo isso, crê-se justo pagar-se a módica quantia de R$33,00 (trinta e três reais) para, em um único livro, Afrofilia, se ter acesso a uma lição poética de tolerância e africanidade.
          Este livro do meu amigo Hebane Lucácius sem dúvidas é um prato cheio para quem gosta de poemas e da África, uma coletânea linda que vale a pena!