sexta-feira, 26 de julho de 2019

POESIA - POETAS E ABELHAS - THIAGO LUCARINI


Poetas e abelhas
São a mesma coisa!

Poetas e abelhas captam a essência
Das flores-coisas para frutificarem

O mundo. As abelhas operárias estéticas
Sujam as céleres patas de pólen dourado,

Os poetas sujam as calejadas mãos
De macia tinta ou de fluente carvão.

Poetas e abelhas cruzam campos incertos
E desertos atrás de uma singela flor-coisa.

São pequenos polinizadores de sonhos,
Úteis gigantes em sua imperceptível missão.

Poetas e abelhas usam listras como símbolo,
Uma armadura contra toda a secura dos dias.
                                                                                               
Abelhas têm o ferrão por espada
Os poetas têm o lápis de imagético.

Poetas e abelhas estão constantemente zumbindo
Um hino de socorro na esperança de que alguém os escute.

Poetas e abelhas moldam colmeias-casas
Cheias de mel, mas que poucos se atrevem tocar

Pois podem achar doçura
Pois podem achar dor.

Poetas e abelhas estão entrando em extinção, e ainda, sim,
Teimam deliberadamente em não deixar a achada flor-coisa estéril,

Sem qualquer percepção do olhar alheio corriqueiro
Sempre apressado demais para poder ver o infinito no ínfimo.

Poetas e abelhas apesar da aridez e insensatez
Seguem seu voo de proselitismo frutífero-poético.

Poetas e abelhas
São a mesma coisa!

Poetas e abelhas
São a mesma coisa!