quarta-feira, 6 de maio de 2015

POESIA - CAMINHONEIRO, ANDANTE ERRANTE - THIAGO LUCARINI





Percorro imensidões de rodovias e chão
Trajando o luto negro do asfalto
Cultivando a lembrança de um afago
Daqueles distantes que tanto amo.
Nesta boleia de caminhão
Durmo nos braços da solidão,
Boleia tão pequena, tão grande
Tão apertada e tão vazia, sem família.
Viajo pelas estradas, caminhos sem fim
Ansiando que algum deles me leve
De volta pra casa (sonhada).

Caminhoneiro, seu cancioneiro guarda
Notas profundas do ronronar do motor e da tristeza,
Na parada da noite, um suspiro, um lamento
Vaza óleo dos olhos, e piche negro do coração
Caminhão e caminhoneiro choram num sonho de ontem,
O dia já vai nascendo, fervendo o asfalto
Hora de pegar de novo a estrada
Nesta marcha solitária de caminhoneiro
Andante errante, querendo acertar
No fim da jornada e dizer:
— Estou em casa.

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