sábado, 7 de novembro de 2020

MINICONTOS DE HORROR - THIAGO LUCARINI

 

Quando clicou no ícone do aplicativo a tela do celular se abriu, mas não da forma convencional. Abriu feito um buraco interdimensional que engoliu e decepou o seu dedo em segundos. Logo, o celular voltou ao normal, porém sua vida de clicar havia acabado.

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Sua mão escorregou para fora da cama. Sentiu as lambidas úmidas e quentes de sua cachorrinha. Toda arrepiada lembrou-se que havia três meses que sua cadela tinha morrido.

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As cebolas, as cenouras, as batatas, tudo cozinhava no molho grosso. Não entendia o porquê havia demorado tanto para realizar aquele desejo. A carne perfumosa estava tenra e suculenta. Fez seu prato e sentiu-se à mesa. Salivava. O torniquete em sua perna esquerda vazava sangue, enfraquecendo-o, não se importou, pois seu pé cozido parecia apetitoso demais.

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 Meu gato me encarava estático. Era verdade! Os gatos podiam ver os mortos.

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Ele acordava todas as manhãs com sua esposa acariciando sua barba. Um hábito que ela não perdeu mesmo depois de ter sido levada pela doença.

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Mãos nervosas a acariciavam no meio da madrugada. Seus olhos marejavam limpos de qualquer sono. Queria muito que fosse um monstro hipotético, preferia até o demônio religioso. Assim, não odiaria alguém tão próximo.

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Não entendia o porquê seu bebê continuava a chorar mesmo depois de tê-lo colocado para dormir no fundo da banheira cheia de água.

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Depois de um tempo sentada no sofá, sentiu uma mão fria tocar sua pele. Teria que esconder melhor o corpo do seu ex.

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Conversava com sua amiga pelo Whatsapp trocando mensagens de voz. Reconheceu que em um dos áudios não era sua amiga quem falava. Uma voz espectral e ruidosa anunciava: “Ela morre amanhã.”

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Ignorou o aviso da amiga. Mas quando o carro do seu pai travou num engavetamento e viu pelo espelho retrovisor uma carreta vindo desgovernada, só fechou os olhos.

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