IMAGEM: Camilla d'Errico
Curei
minhas feridas
Ao
deslizar como pedra impulsionada
E
vencer a tensão das águas espelhadas.
Tive
meu luto
Fui
ao fundo do destino negro.
Tornei-me
pedra afogada em anseios
Pedra-âncora
indo, indo e indo
Para
as profundezas
Amparada
em correntes
Perdendo
a parca consciência
Envolta
em bolhas de uma falha respiração
Vendo
a luz turva se apagar ao meu redor.
Morri
naquele instante de suspensão líquida
Disforme
e incaracterizável
Antes
de chegar à cama-lama daquelas águas.
Ao
de fato estar no fundo de mim
Retomei
minha propulsão
De
pedra atirada por hábeis mãos
Feito
asteroide ressurgi
Rompendo
inversamente o caminho que fiz
Colhendo
o aprendizado afogado
Deixado
como rastro
E
ascendi ao céu pedra iluminada
Livre
de qualquer dor, pois esta se afogou.
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