sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

POESIA - TENSÃO DAS ÁGUAS - THIAGO LUCARINI

IMAGEM: Camilla d'Errico

Curei minhas feridas
Ao deslizar como pedra impulsionada
E vencer a tensão das águas espelhadas.
Tive meu luto
Fui ao fundo do destino negro.
Tornei-me pedra afogada em anseios
Pedra-âncora indo, indo e indo
Para as profundezas
Amparada em correntes
Perdendo a parca consciência
Envolta em bolhas de uma falha respiração
Vendo a luz turva se apagar ao meu redor.
Morri naquele instante de suspensão líquida
Disforme e incaracterizável
Antes de chegar à cama-lama daquelas águas.
Ao de fato estar no fundo de mim
Retomei minha propulsão
De pedra atirada por hábeis mãos
Feito asteroide ressurgi
Rompendo inversamente o caminho que fiz
Colhendo o aprendizado afogado
Deixado como rastro
E ascendi ao céu pedra iluminada

Livre de qualquer dor, pois esta se afogou.

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