quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

POESIA - AMORDAÇADO - THIAGO LUCARINI

 
Abrem-se as portas do azedume
O véu de treva despenca do céu
Numa enxurrada de impropérios
Manchando a inocência de outrora
Abatendo o passivo rebanho amordaçado.

Morte e vida têm seus dogmas:
A morte não sente remorso
E a vida não é gentil com preguiçosos.

A vida amarga com cristais de vômito
E bile para emulsificar
Os pecados gordurosos
Causadores de esteatose na alma.

Morte e vida têm seus dogmas:
A morte não sente remorso
E a vida não é gentil com preguiçosos.

O mundo negro desabrocha
Nas esquinas da luz
Sua flor, um cadáver partido
Suas pétalas-entranhas exalam

O odor enigmático do fim.

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