sábado, 5 de dezembro de 2015

POESIA - NINHO ÉDEN - THIAGO LUCARINI



 
No início fez-se a luz.
A luz mostrou um ninho vazio
Então foram feitos os enfeites
Deste lar criacionista, mas
Ainda não estava bom.
Um ovo de barro fora posto
E chocado por hábeis mãos.
Nasceu um pássaro solitário
Logo, reclamante de sua solidão.
O Senhor do ninho primevo
Pôs sua cria para dormir
A fim de atender seu pedido
Tirou um pedaço dele e moldou
Sua companheira existencial.
Acabou-se a solidão
Do pássaro e do seu Criador.
As criaturas eram livres
Contudo, proibidos de comer
Certo fruto perto do ninho.
Não feito pelo Senhor,
Raiz do mal, original, o Corvo
Atiçou a companheira do pássaro
A comer da proibição imposta.
Ela não teve como lutar
Lambuzou-se no fruto da ciência
E levou o pássaro a fazer o mesmo.
Desgostoso com tal ato indisciplinar
O Escultor quebrou suas asas
E expulsou os pássaros de barro
Do ninho Éden condenando-os
A viver sobre seus próprios
Pé(s)cados, responsáveis por seus atos.
Desde então, os pássaros não alados
Afastaram-se do Senhor e andam
Baixo neste mundo alto bem longe do ninho.

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