segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

POESIA - CÉU DE ESCARRO - THIAGO LUCARINI

Aquém deste céu infeccioso
De nuvens cheias de pústulas
Purulentas e mal-cheirosas
Chove denso escarro e enxofre.

O céu vermelho-sangue, coagulado
Envenena o domo antes límpido com êmese.
Drenando sua força celeste feito parasita intestinal,
Maligno, viral, anticoncepcional de beleza e forma.

O céu se fechou em necrose
Acumulando chorume acre
Seiva estéril da morte lacrimosa.
Caem do alto firmamento doente
Os pedaços mortos e fétidos
Cheios de gusanos e loucura.

Na Terra os homens ajoelham-se em asco
Banhados em escarro repugnante. E pedem
Vestidos de mecânica prece e dolência:

“Céus, voltai, voltai à glória sã de antes.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário