terça-feira, 22 de dezembro de 2015

POESIA - CELEIRO DA BOA-MORTE - THIAGO LUCARINI

IMAGEM: Camilla d'Errico 

O cancro caiu sobre aquela cidade
Boa-Morte, feito uma ogiva maligna
Espalhando seus dedos nefastos
Pelas ruas e pastos como erva daninha,
Uma teia-rede densa, escura,
Perigosa, asfixiante, inumana.
Seu ponto de impacto destruiu
A tudo num raio de 180 km
Maior catástrofe não houve antes.
Pessoas variadas morreram
Indo para o descanso eterno
De encontro ao Pai-Todo-Poderoso.
Os cidadões boa-mortenses
Não foram enterrados, afinal,
Não havia coveiro para isso,
Todos faleceram de uma só vez
Inclusive, o enterrador de defunto.
Boa-Morte e seu cancro
Cheirando a ranço e formol
Criados um para o outro.
Não houve dor nem lamento,
Pois os habitantes de Boa-Morte
Estavam, enfim, em casa, abraçados

Pela nata Pátria acolhedora boa-mortense.

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