IMAGEM: Camilla d'Errico
O
cancro caiu sobre aquela cidade
Boa-Morte,
feito uma ogiva maligna
Espalhando
seus dedos nefastos
Pelas
ruas e pastos como erva daninha,
Uma
teia-rede densa, escura,
Perigosa,
asfixiante, inumana.
Seu
ponto de impacto destruiu
A
tudo num raio de 180 km
Maior
catástrofe não houve antes.
Pessoas
variadas morreram
Indo
para o descanso eterno
De
encontro ao Pai-Todo-Poderoso.
Os
cidadões boa-mortenses
Não
foram enterrados, afinal,
Não
havia coveiro para isso,
Todos
faleceram de uma só vez
Inclusive,
o enterrador de defunto.
Boa-Morte
e seu cancro
Cheirando
a ranço e formol
Criados
um para o outro.
Não
houve dor nem lamento,
Pois
os habitantes de Boa-Morte
Estavam,
enfim, em casa, abraçados
Pela
nata Pátria acolhedora boa-mortense.
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