segunda-feira, 16 de novembro de 2015

POESIA - VENENO - THIAGO LUCARINI

Tenho algo nocivo
Espalhando-se
Pela carne crua.
Decompondo
Apodrecendo
Matando
Grosseiramente
O que há de vivo
Em mim, nesta carne.
Trata-se de veneno
Arsênico, sólidos
Contaminantes.
Mercúrio e outros
Metais pesados.
Peçonha de cobra
E tantos animais.
Cianeto e estricnina
Agentes industriais
Ódio e rancor
Vulgos sentimentais.
Religiões e seus
Dogmas separatistas.
Vou padecendo
Dinheiro e outras
Razões cambiais.
Desfazendo-me
Sob o beijo de veneno
Desarranjo molecular
Lesão orgânica irreparável
Distúrbio funcional
Ação química mortal.
Envenenado
Sangue coagulado
Barco encalhado
Não segue mais

O rio da vida.

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