quarta-feira, 25 de novembro de 2015

POESIA - LOBO MAU HÁLITO DE ATÔMICO - THIAGO LUCARINI

O Lobo Mau nasceu bom.
Desde sempre fora magro e franzino
O elo mais fraco de sua matilha
Ele era uma vergonha axiomática, pois
Sequer conseguia uivar para lua.
Seus vizinhos, os três porquinhos
Faziam dele a chacota da floresta.
O lobinho cresceu, mas não ficou
Muito mais forte e valente, para piorar
Desenvolveu asma crônica, fato este
Que acentuou o bullying sobre si.
Como se não bastasse o estado
Debilitado de saúde do lobo incapaz
Os nefastos porquinhos gabavam-se
Demasiadamente da sorte que tinham.
Eram cruéis. Implicavam com o pobre lobo
Por ele não conseguir uivar devido os pulmões fracos
E por ter sido abandonado ao relento da relva fria
Pelo seu bando. Enquanto eles em sua vara
Viviam em luxuosas casas sendo
Uma de palha, uma de madeira
E a outra de maciços tijolos.
O lobo cansado de tantas humilhações grunhidas
Foi até a cabana de uma bruxa longínqua
Pediu um feitiço para que pudesse
Obter o pior sopro de todos.
A bruxa compadecida da agonia do animal maltratado
Cedeu ao lobo um objeto chamado bomba atômica
Vindo de um reino distante e tirano.
Ela disse: “Como este presente que lhe dou
Tornarás-te o lobo mais poderoso deste mundo
Ninguém será capaz de deter teu hálito de morte.
Sem pensar duas vezes o lobo engoliu a bomba.
Imediatamente o objeto encantado
Deu-lhe vigor e força, pela primeira vez
Sentiu-se poderoso, estufou o peito
E uivou como nunca rasgando a noite em duas
Fazendo todos os bichos tremerem.
Nasceu naquele instante um novo lobo
Empertigado de valentia o novo ser
Foi atrás dos seus antigos opressores.
Ele bateu na primeira casa, a de palha.
Toc, toc. Nada. Bateu de novo e disse:
“Saia, saia ou vou soprar e soprar até tudo voar.
O porquinho não se atreveu a abrir a porta
Pois havia saído pelos fundos indo se esconder
Na casa do irmão ao lado.
O lobo impaciente com a espera inflou
Os pulmões poderosos. Ele soprou e soprou
Sentindo a bomba se agitar em seu estômago
Como borboletas maldi... benditas.
Seu hálito tornado, atômico varreu
A tímida casa de palha sem resistência.
E assim passou pela casa de madeira
Até chegar a sólida casa de alvenaria. 
Toc, toc. Nada. Bateu de novo e disse:
“Saiam, saiam ou vou soprar e soprar até tudo voar.
Os porcos tremiam de pavor dentro da falsa fortaleza
Sem saída acabaram fugindo
Pela porta de trás rumo à floresta.
O lobo então soprou seu hálito atômico reduzindo
A casa de tijolos e metade da floresta a nada.
O lobo apagou todo o orgulho dos porquinhos marrentos
Nunca mais se teve notícias dos três por aquelas bandas.
O lobo franzino e patético ganhou a partir deste ato
A temida e reluzente alcunha de:
“O Lobo Mau de Hálito Atômico.” 
Ninguém jamais ousou a zombar dele de novo.
E hoje, quando se escuta o uivo do Lobo Mau

Na noite fendida. Todos tremem de absoluto pavor.

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