A todas as meninas, garotas, mulheres vítimas de
abuso
Hoje
trago outro relato triste.
A
roseira continua seu jogo de crueldade
Como
se não bastasse o corvo traiçoeiro
Abusando
da rosa diariamente; a roseira
De
sentimentos estéreis e vítreos sem razão
Intensificou
as agressões gratuitas, agora diárias
Contra
sua cria negada, ela usa seus espinhos
Hercúleos
para ferir a gentileza da rosa
Para
despedaçá-la e está conseguindo.
A
rosinha está mais triste, sem sorriso
Apagada,
a vida não lhe faz sentido
Temo
por sua integridade e sanidade.
Há
pedaços de nós que quando quebrados
Não
se remendam nem se colam e servem
Apenas
para abrir novas feridas, e enfim,
Subjugarmos
o mal exógeno nos atirando
Sobre
os cacos deixados e rezar para sangrar
Esvair,
deixar a vida, as cores, o perfume,
Pois
a morte se apresenta como um grato consolo.
A
repulsa e ódio da roseira são nítidos e cruéis
Parece-me
querer exorcizar seus demônios
Na
maciez das costas da rosa inocente e calejada,
Todavia,
os calos não diminuem nem enganam a dor.
Pergunto-me
qual o propósito do Jardineiro em tudo isso
Eu
não o entendo, peço que eu seja apenas
Um
ignorante nato e infloral nesta inglória observação.
A
rosa flagelada está perdendo suas pétalas
Não
existe mão para afagá-la e limpar suas lágrimas
A
cada dia aparecem novos machucados
Nas
pétalas e na alma torturada da rosa; o jardim
Continua
mudo, imoto, e eu, o cravo, relatando
Os
crimes da roseira, ansiando que a rosa
Ganhe
liberdade, salvo-conduto do seu cárcere
Desta
linhagem-ramagem de naufrágio e condenação.
Espero
que para a roseira e para o corvo
Chegue
merecido castigo, restituição infame
Punição,
a cólera do Jardineiro e das flores, antes
Que
a rosa enforque sua doce primavera
E
afogue-se num socorro não dito, maldito.
Alea jacta est! Para o bom e
para o perverso.
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