A
mariposa pousou na superfície do lago
Uma
égide polida, mística e líquida
Refletindo
a serenidade da lua cheia.
A
mariposa olhou seu tímido reflexo, mas
Seus
olhos de vidro estavam sob feitiço de Narciso
Não
por ela mesma, mas pela lua plena
Sem
revogar a mariposa desceu as águas claras
Em
busca da amante argêntea
Na
sua procura inútil pelas profundezas
Acabou
sem ar; morreu a mariposa
Afogada,
no frio, na solidão
Sem
bálsamo sem amor sem lua.
Seu
corpo imóvel seguiu as correntes
Sem
elos e pousou no fundo do lago.
Vendo
dali de baixo o objeto nunca alcançado.
A
lua indiferente sequer se comoveu
Com
a desgraça romântica da mariposa
Afinal,
ela tem amantes mais valorosos.
A
rica lua de nada se acresceria com o suspiro
De
uma breve mariposa afogada e fria.
E
assim, tudo seguiu exatamente como antes
Sem
remorso sem dor sem mortos ou feridos de fato.
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