sexta-feira, 6 de novembro de 2015

POESIA - MARIPOSA - THIAGO LUCARINI

A mariposa pousou na superfície do lago
Uma égide polida, mística e líquida
Refletindo a serenidade da lua cheia.
A mariposa olhou seu tímido reflexo, mas
Seus olhos de vidro estavam sob feitiço de Narciso
Não por ela mesma, mas pela lua plena
Sem revogar a mariposa desceu as águas claras
Em busca da amante argêntea
Na sua procura inútil pelas profundezas
Acabou sem ar; morreu a mariposa
Afogada, no frio, na solidão
Sem bálsamo sem amor sem lua.
Seu corpo imóvel seguiu as correntes
Sem elos e pousou no fundo do lago.
Vendo dali de baixo o objeto nunca alcançado.
A lua indiferente sequer se comoveu
Com a desgraça romântica da mariposa
Afinal, ela tem amantes mais valorosos.
A rica lua de nada se acresceria com o suspiro
De uma breve mariposa afogada e fria.
E assim, tudo seguiu exatamente como antes

Sem remorso sem dor sem mortos ou feridos de fato.

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