quarta-feira, 11 de novembro de 2015

POESIA - LÁGRIMAS DE SPOOK - THIAGO LUCARINI

Escutei sussurros
Vindos daquela casa
A casa no final
Da rua escura.
Era noite, ventava frio,
Lua pálida no céu
Acompanhada
De estrelas agourentas.
Criei coragem,
Afinal, aquele lar
Pertencia a de Spook.
Com minha aproximação
Os sussurros converteram-se
Em gemidos e ranger.
Continuei o desbravamento
Sem bravata qualquer
Até achar a origem
Do que identifiquei
Ser um choro alto.
Spook chorava
Encolhido num canto.
Com minha aproximação
Indesejada e indiscreta
Spook me olhou
Vi suas lágrimas sulfúricas
Destruindo sua face
Não-humana, mesmo morto
Spook sofria
Tristemente sofria.
Ele não parou o pranto
Por minha causa.
Eu era só um intruso
Não chamado, mas
Arbitrariamente
Tínhamos uma cumplicidade
Não definida nem imediata.
Spook sabia quem em breve
Poderia ser eu a estar ali
Assombrando outro

Transeunte da meia-noite.

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