terça-feira, 10 de novembro de 2015

POESIA - ÁLIBI - THIAGO LUCARINI

A coruja cometeu um crime.
Na noite escura e quente de verão
Ela viu um vaga-lume ascender ao céu
Iluminado, um pequeno anjo-inseto
Para ela, pela beleza, poderia tanto ser
Um mirrado sol ou uma alma em apoteose.
O fato é que a coruja numa fome vampírica
Deu seu voo rasante e comeu o vaga-lume
Apagando-o da noite e da vida.
A coruja não ficou mais iluminada com isso
Apenas sentiu breve remorso por roubar
Uma tímida luz da densa noite de verão.
Hoje, a coruja busca um álibi
Que a salve da condenação da lua
Pela morte do brilhante vaga-lume

Que enfim, subiu verdadeiramente ao Alto.

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