quarta-feira, 4 de novembro de 2015

POESIA - AJISAI - THIAGO LUCARINI

Ganhei um ramo seco de Ajisai.
O plantei em solo fértil e sagrado
Zelei, adubei e reguei com afinco
O galho triste da plantinha recebida
Até ele se encher de eufóricos rebentos.

Disseram-me que Ajisai dá uma bela flor
De um tom azul forte e admirável,
Que suas pétalas têm a sutileza
Da vida singular e dos segredos do véu.

A nobre beleza de Ajisai
Vai muito além, pois está rara flor
Interliga os mundos arcanos
Dos vivos e dos mortos.
Falam que a Ajisai tem
O perfume de uma boa alma
E a sobriedade dos mortos.

Sua disparidade natural
Está no último suspiro dos vivos
E no despertar no além dos mortos.
É uma flor da lua de meio-termos.

Encherei meu jardim de Ajisai,
Assim quando morrer, eu serei o jardineiro
Das flores que levarei; meu azul Ajisai
Eterno entre os vivos e os mortos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário