FOTO: Thiago Lucarini
Fumaça
branca na noite escura
Paira
sobre a cidade sonolenta
Parece
um fantasma, o arauto
Agourento
de um velho xamã.
Vejo
deste lugar urbano e impessoal
A
vida passar. Vejo apoiado numa janela
Que
já bebeu tantas legítimas vidas,
Ela
até me tenta, mas prefiro: ver.
Ver
me basta. Ver a vida em suspensão
Longe
de mim, ela não pode passar
Pela
janela que bebe vidas como óleo.
Vejo
tudo desta abertura gutural.
Assombrado
Hotel Califórnia
Anarquista
Cortez paralisado.
O
fluxo parece mais fácil do lado de lá
Tenho
a eternidade líquida e gelo no balde
Neste
quarto barato tenho invulnerabilidade.
Gostaria
de ter a mesma ciência
Para
os meus sentimentos plásticos,
Pois
no coração não há janelas
Nem
quarto de hotel nem invencibilidade
É
uma bomba: atômica, cárnea, tola
Podendo
explodir-se com os elementos:
Amor,
tempo e colesterol.
Não
há quarto de hotel que salve
Qualquer
tipo de coração: bom ou mal.
Por
enquanto, fecho a janela.
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