FOTO: Thiago Lucarini
A todas as meninas, garotas, mulheres vítimas de
abuso
Havia
um jardim de terra estéril
Ali
nasceram várias flores de plástico,
Incluindo
eu, o cravo, tive a sorte
De
criar raízes, próximo a uma roseira.
O
que a princípio poderia ser uma estória
Bonita
e encantada, na verdade, é triste.
A
roseira ainda quando não passava
De
um tímido rebento ansiava ter suas rosas
E
um dia as teve, porém ela não dispensava
A
mesma atenção a todas as suas crias.
A
segunda rosa nascida era deixada de lado
Apesar
de ser doce e gentil, a roseira
Não
se importava com ela, desprezava sua inocência
Renegava
fortemente sua filha-rosa
Blindando
sua visão para o maldito corvo
Que
importunava a vernal flor por sua majestade.
A
tímida rosa tentava escapar das garras afiadas do corvo
Às
vezes conseguia, às vezes não
Viver
de ás vezes é algo cruel demais.
A
rosa sozinha no alto da roseira chorava suas pétalas
Não
havia quem a salvasse do corvo
O
Jardineiro parecia estar sempre longe demais.
O
corvo tentava machucá-la de todas as formas
A
pobre e honesta flor. Ele ansiava sua singularidade.
Tristemente
a rosa frágil se machucou em suas garras, pois
Não
tinha espinhos suficientes e necessários; e a roseira
Dava
apoio ao corvo; ela desejava (na sua concepção distorcida)
Que
aquela horrenda rosa da ramagem lateral sumisse.
Eu
tremia de pavor, não entendia o porquê
A
rosinha de nada tinha culpa, destino inexplicável
Irreparável.
As outras flores mudas nada diziam
Fingiam
que não viam e não escutavam,
Mantinham
um silêncio mortal e igualmente cúmplice.
Eu
observa a rosa e a admirava,
Pois
apesar de todos os horrores sofridos,
Dos
ataques covardes do corvo; a gentil rosa sorria
Mesmo
nos dias em que mais ansiava que sua primavera terminasse.
Eu
enquanto cravo não sei se conseguiria
Esconder
todo meu padecer atrás
De
um sorriso ainda assim tão puro.
Guerreira
rosa-filha-renegada não desista ainda
Sei
que outras tantas rosas não suportariam nem suportam
O
que você passa diariamente, peço: SEJA FORTE mais um pouco.
Para
mim ficou claro que nem toda roseira deve florescer
A
rosinha infelizmente nasceu numa rama podre e temo por ela.
Eu
queria que ela gritasse até o Jardineiro escutar,
Que
gritasse ao mundo os abusos do corvo
E
a negligência, conivência e omissão desta roseira em questão.
Contudo,
sei o quanto ela o teme, sem o apoio
De
sua genitora: estéril sentimental.
A
rosa acredita não ter chão firme, crê estar abandonada
Num
solo-mundo terrivelmente cinza e frio.
Mas
escute:
“Eu,
o cravo, estou em sua defesa aqui embaixo: flor, rosa, menina.
Grite!
Grite ao mundo os absurdos que sofre
Denuncie
aqueles que covardemente te fazem sangrar.
Espante
este corvo maldito e, por favor,
Sobreviva
além desta roseira que jamais a mereceu.
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