sexta-feira, 9 de setembro de 2016

POESIA - ÚLTIMO CAFÉ - THIAGO LUCARINI


É tarde para um último café
O líquido quente esfriou no bule.

Xícaras tristes choram seus torrões de açúcar perdidos,
Solitárias, cada qual, em seu pires é levada à derrocada,

Naufragam nas mãos bêbadas dos avessos apaixonados
Com uma mesa que se faz um mar de distância entre si.

Começa a chover lá fora de mim
Enchendo as xícaras pálidas de água límpida.

O café esfriou no coração, desova de amor,
Depõem-se as xícaras e as lágrimas no cais de porcelana,

Pois é tarde para um último café
E cedo demais para se afogar. 

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