sexta-feira, 30 de setembro de 2016

POESIA - SE NÃO TIVER MORRIDO, NÃO COMPENSOU O ATRASO - THIAGO LUCARINI

Oito horas da manhã,
Trânsito parado, dentro
Do ônibus um estardalhaço.

Meu chefe não entendi,
vai fala que eu dormi tarde,
tava na farra, afinal, todo proleta é safado.”

Mulheres xingando, telefones tocando.
O fluxo metálico em lentidão infernal,
O asfalto coagulado de encapsuladas vidas inúteis.

É acidente na certa, e feio.”
Dez, buzina, vinte, buzina, trinta, quarenta, buzina.
Longos minutos de atraso, pressa, e um proleta grita:

Se não tiver morrido, não compensou o atraso.”
E não é que o ferido, por sorte, estava vivo, a tragédia
Fora um fiasco, não compensou mesmo o atraso.

29/09/2016.

Nenhum comentário:

Postar um comentário