sexta-feira, 2 de setembro de 2016

POESIA - CÂNTICO DAS BOLHAS - THIAGO LUCARINI

Embrionário aquático
O morto que se fez
No oceano errático.

Embrionário estacionário
Das marés, o corpo galé
Aos peixes descompromissados.

Embrionário ordinário
O morto que espera
Ser pescado pela seca ilusão.

Embrionário secundário
Neste oceano de perdidos humanos.
É um espécime no aquário da morte.

Embrionário desnecessário
Uma mancha vulgar e diluída
Na imensidão cristalina salina de lágrimas.

Embrionário autossugestionário
Já não há perdão, ar, só a lentidão,
Sequer da boca emite o cântico das bolhas.

Embrionário intermediário
Um morto em sua paranoia de viver,
Criar escamas, nadadeiras, guelras e um peixe estranho ser.

Nenhum comentário:

Postar um comentário