E eu já não sei mais dizer
Se este céu cor de chumbo
É chumbo porque o é ou se
É culpa dos meus olhos baços.
Estou úmido e carregado há tempo demais,
Perdi a secura dos dias claros.
Não tenho mais decência em me manter seco.
Minha voz abafada demanda mormaço e precipitação,
Logo estou trovejante, excessivamente denso.
Lágrimas não têm arestas em que se possa segurar
Então, deixo-me chover, chover em silêncio,
Criando um mundo tão verde debaixo de mim,
Quebrando a promessa de ficar estável,
De dar aos olhos estiagem, mas é um voto inútil,
Pois no peito há um coração imerso, naufragado.
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