sexta-feira, 16 de setembro de 2016

POESIA - CARROSSEL DE PIEDADE - THIAGO LUCARINI

Gira, gira meu carrossel de autopiedade.
Gira, gira o estático eu cavalinho de plástico.

Por tempo demais estive desfeito
Sendo perfeito para agradar o teu coração

E esta roupa apertada e desconfortável
Ajustou-se muito bem, feito segunda pele.

É estranho não se reconhecer, olhar o reflexo das lágrimas
E ver um produto montado por migalhas de aceitação.

O amor não deve nunca impor condições
Não deve aceitar metades, só por inteiro, com todos os defeitos.

Hoje, estou acostumado demais à imperfeita ilusão
Bonsai adaptado aos cortes vis das tuas manias.

Minha gênese de baobá se diluiu em mágoa
Sou um vago nada disfarçado de completo.

Assumi a forma, a fôrma que precisavas para tua alma árida
Não há forja ou fogo que desfaça esta marca de conformação.

Que sabor tem o vento sob as asas de um pássaro?
Um pássaro nascido em gaiola jamais poderá me responder.

Os cavalos livres no campo selvagem choram ao vento
Seus lamentos por aqueles que nasceram com celas embutidas.

Gira, gira meu carrossel de autopiedade.
Gira, gira o estático eu cavalinho de plástico.

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