sexta-feira, 30 de setembro de 2016

POESIA - QUEIMADA - THIAGO LUCARINI

Fogo no cerrado
Lambe o seco mato.

O crepitar do fogo
É a derradeira canção de ninar

E a fumaça serpenteante
Diáfano lençol sufocante.

Queima o fogo
A juriti, o tatu,

O tamanduá, a pombinha,
As flores rasteiras,

Árvores inteiras,
Os insetos, o cupinzeiro.

Vai o fogo lambendo tudo
Com suas línguas calcinantes

Deixando para trás seu tapete
De cinzas retorcidas e frias,

De coloração apática e de morte.
Queimado, o cerrado espera águas de salvação. 

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