Ventania
Corro para tirar
As roupas do varal.
As peças brancas em amálgama
Balançam em azáfama.
Lá vem o temporal
Lavar seu cheiro de lavanda.
Socorro as roupas macias
Retirando peça por peça
Dos prendedores cativeiros.
Caem os primeiros pingos
A escurecer a terra clara
E respigarem na minha testa
De gotas salgadas próprias,
E nas almas secas penduradas.
Corro, corro, corro
E se, por desventura, esqueço de alguma
Volto sob o temporal e a salvo.
Salvo a mim mesmo
De o risco aguado de ficar
Na rua sujo ou pelado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário