sexta-feira, 27 de maio de 2016

POESIA - PROSELITISMO - THIAGO LUCARINI



Quis eu converter as abelhas
Fazê-las deixarem de tirar o néctar das flores
Alegando ser esse um trabalho inglório e fácil,
Além de o mel gerado ser enjoativamente doce.

Tentei imprimir-lhes a ideia de retirar o néctar
Das pedras duras. Ó quão maravilhosa não me era esta
Ideologia! Que mel tão nobre não nasceria a partir das pedras?
Era eu um revolucionário crente fiel. Juro que eu só queria o bem maior.

As abelhas negavam-me veementemente, porém,
Eu não desisti, continuei a pregar a elas insistentemente.
Até que vencidas pelo cansaço, as abelhas se converteram
Adotaram a contragosto minha concepção subjetiva forjada em nada

E assim começou a história da danação dos tolos. Culpa minha
As abelhas deixaram as flores para buscar o néctar das pedras.
A priori fiquei feliz pela imposição da minha vontade humanamente divina.
Resultado triste disso: Homens e abelhas morreram sem alimento,
Não consegui reverter a neoconversão, portanto, hoje, padecemos em fome.

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