sexta-feira, 6 de maio de 2016

POESIA - A ABERTURA DOS PORTÕES DE NAIOG - THIAGO LUCARINI

O sol observava
Os pássaros calaram a música
A primavera parou o seu desabrochar.

Tudo e todos olhavam para Naiog,
Depois de cinco mil anos fechados
Os portões serão reabertos às hordas
De visitantes, comerciantes e novos habitantes.

A cidade sem contato era um mistério
Ninguém sabia o quê ocorria ali.
Os muros intransponíveis e mudos
Não confessavam os segredos internos.

Ioiô, um morador das proximidades de Naiog
Sempre sonhou em ver o lado de lá da fortaleza.
Ele era o primeiro da fila quilométrica,
Que se formou há dias, e que engordava a cada hora,
Com a chegada de novos interessados em Naiog.
Todos os expectadores e expedicionários
Aguardavam em solene silêncio.

Ao meio-dia as trombetas soaram
Imediatamente os portões estalaram e rangeram
Tirando de sobre si a poeira dos séculos de dormência.
O coração de Ioiô batia forte
Finalmente, ele conheceria Naiog por dentro.
Uma fresta minúscula surgiu entre o vão dos portões
E foi crescendo com a sistemática abertura miraculosa
Uma luz intensa brilhou sobre as pessoas próximas.
Ioiô de tão emocionado e arrebatado
Não conseguiu fechar os olhos,
Gradativamente, à medida que os portões abriam-se
Ioiô ia ficando cego pela intensidade ofuscante
Da radiante luz primeira cuspida de Naiog.
Os portões num instante insignificante
Rindo de cinco mil anos fechados
Estavam abertos, escancarados para o mundo.
O tolo Ioiô cego ficou sem jamais poder ver
Aquilo que tanto almejou.

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