sexta-feira, 6 de maio de 2016

POESIA - ESCRAVATURA XVIII - THIAGO LUCARINI

A luz defunta
Da escravatura brilhou
No céu abiótico da Colônia.

Só a noite detinha asas de liberdade!

Arrobas de açúcar puro
Moeram os ossos nos gomos da cana.
Gemeu o engenho mastigando vidas.

Manufatura do caldo de almas subjugadas.

Picaretas amaciaram o concreto mineiro
Na fundição pepitas se tornaram joias de esmero
Aos escravos restou uma pobre coleção de calos.

Ouro de negro não vinha das minas. Vinha da união.

Os cafeeiros cobertos de flor
Desfizeram-se de suas pétalas brancas
Abortando o fruto através suor áfrico, e pavor.

As flores caíram para sepultar açoitados segredos.

A chibata impiedosa estalava
No lombo forjado de cicatrizes dos negros,
Escravos que só tinham grilhões, e uma apertada senzala.


Apenas o sonho e o próprio sangue os alimentavam. 

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