sexta-feira, 13 de maio de 2016

POESIA - ESCOMBROS DO MAR - THIAGO LUCARINI

Vi o mar quebrado
Num amontoado de cacos
Sem poder criar belos afogados.

Antes a cristalina superfície
Esmaltava o céu de límpido azul.
Hoje, densos blocos de entulho cinza

Tingem de apatia o firmamento triste.
As ondas são agora pontas de facas
Num perene murmúrio metálico tilintante.

Toda a vida equórea desapareceu.
No mar de escombros não se pode
Navegar ou viver, só a morte é lícita.

Quem quebrou o mar de águas instáveis?
Quem? Por quê? Por quê fizeste tal atrocidade?
Rumores sustentam que um coração magoado

Atirado ao mar, denso de pesares e tristezas
Fora o responsável por quebrar a harmonia

Salgada das águas. Morreu o mar, e eu. 

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