sexta-feira, 27 de maio de 2016

POESIA - O FRUTO PERDIDO À MARGEM - THIAGO LUCARINI



Como posso me trair assim?
Como posso vender quem sou?
Qual o preço estabelecido pela moral?

Rastejo feito os seres de escamas
Afogo-me na pedra sem cama para dormir.
Sou da escorria, o pária, o lixo social.

Quem sou eu? O vendido?
Quem sou eu? O gado?
Quem sou eu? O renegado?

Quimérico e ideológico
Sou o marginal fabricado
Pela fumaça vertical do sistema.

Contudo, devo estar sempre sorrindo,
Grato pelas migalhas que me dão
Dispostas por todo o chão, no qual, rastejo.

Há, de fato, algum bem ou razão nisso?
Deixarei de ser este perdido fruto à margem
Ou serei o eviterno tapete puído da sociedade?

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