sexta-feira, 6 de maio de 2016

POESIA - NAVIO NEGREIRO XIX - THIAGO LUCARINI

Meia-noite a flama arde
Embarque covarde
Num cais cargueiro
Da África explorada.
Abarrotam-se os porões
De um navio negreiro
Abolicionista de sonhos
(da Terra raiz)
Levando almas aprisionadas
Para ricos fazendeiros
Do distante além-mar.

Depois de carregado
De mão de obra capturada
Veio o navio traficante
Sacolejando pelas águas
Sem mínima estrutura.
Grilhões e correntes soando
O tom da ingrata escravatura.
E os homens feitos escravos
Chorando em sintonia
Sem concordar
Com a imposta partitura.

É anunciada a chegada
(na grande prisão Brasil)
Aos que não sucumbiram a viagem
As porteiras das fazendas se abrem
Recebendo o despejo do navio negreiro.
Vibram os senhores compradores
Lamentam no lombo os chegados escravos
E choram suas flores os compadecidos cafeeiros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário