sexta-feira, 29 de julho de 2016

POESIA - ESPELHO DE DORES - THIAGO LUCARINI



O homem que chuta a lata
Jogada na sarjeta, chuta a própria alma.
A lata é o teu espelho de dores.

O homem que afaga o cão abandonado,
Mas não o leva pra casa, afaga a própria alma,
O cão é o eu abandonado no teu lar de escolhas.

O homem que na ignorância de amarras férreas
Atormenta o desconhecido, atormenta a própria alma.
O desconhecido é o imagético ignorado e irreal de si.

O homem que pisa as flores do jardim
Da condição humana, pisa na própria alma.
As flores são a sua sensibilidade ferida.

O homem que compõe bela poesia
Pelas ruas da cidade, compõe a própria alma.
A poesia é parte fluente da estética em si.

O homem que abre os braços na mansidão
Ou no temporal do final de tarde, abraça a própria alma.
O homem, ali, já sabe que é hora de partir.

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