quarta-feira, 13 de julho de 2016

CRÔNICA - CULTO AOS TOLOS - THIAGO LUCARINI

Nunca ser tolo fez tanto sucesso, tal fato, creio eu, deve-se ao insucesso, a nossa própria incompetência de educar-se, trata-se de um eco reverberante daquilo que não construímos. O tolo é de fácil entendimento, contenta-se com pouco, e é de mais fácil dominação. É o grato piso das elites e dos seus sistemas de manutenção do status quo.
Os tolos felizes passam a pão e circo, e nada mais. São comportados, sequer aspiram insurgirem-se, subverterem o sistema que o próprio gira. É um fruto social de parcas subculturas, e ficam estes suspensos num meio de cultura acre e manipulável de estufas capitalistas e falsa ordem moral. Ali, ser feliz é estar bem no hoje e ser plenamente grato pelo o que se tem, mesmo que insuficiente. O que importa, de toda forma, é a esperança de alcançar seja lá o que for em algum imprevisto dia do futuro. Afinal, lhes fora dito: “Não há nada tão ruim que não possa piorar. ”
Porém, enquanto, tolos passivos só proliferamos o ‘nada tão ruim, mas aceitável’, uma vez que, o nada não gera incômodo nem conforto, os tolos são adestrados para a inércia e crer na salvação alheia ou mística e nunca de si mesmo. No conto sádico, muito bem, elaborado, os dominantes – elitistas separatistas –, aplaudem e perpetuam este culto aos tolos que alimenta e sustenta o seu mundo ideal.
Pensemos que a frase-lema um dia, talvez seja: “Não há nada tão ruim, que não possamos melhorar. ” É óbvio, que os tolos jamais acabarão, mas não custar sonhar que futuramente sejam apenas uma ridícula sociedade secreta sem culto, sem aprovação. Aonde não exista mais o abanar do rabo para quem distribui nas mazelas migalhas travestidas de grandes atos. Procure dentro de si, se você é o fruto-consciente ou o exato fruto-tolo que a árvore do sistema deseja produzir.

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