O mal das pessoas tidas 'modernas' é a pressa. Pressa em ter, em ser, em
acontecer. Andasse rápido, comesse rápido, acreditasse rápido, gozasse
rápido. Não há pudor ou dignidade em acelerar a vida, e isso é um triste
reflexo da tentativa massacrante da manutenção da eterna juventude e
sua velocidade inebriante pincelada com ares da infância desfeita. Somos
a criança que abre o pacote de doces e se empanturra sem pensar na
incômoda dor de barriga que se possa ter. Só que no nosso caso,
criança-adulta, essa dor será a soma dos dias pessimamente digeridos,
pois chegamos ao final rápido demais sem tempo sequer de cagar, quem
dirá, aproveitar a sutileza das flores e dos amores. Esquecemos que a
cova tem toda a paciência e lentidão do mundo para nós metabolizar em
algo mais inútil.
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