sexta-feira, 15 de abril de 2016

POESIA - POETA DESÉRTICO - THIAGO LUCARINI

Meus verdes pastos são cinza
Tão solitários e vagos
Refletem meu eu triste e opaco
O que há em mim?
O que há de mim?
Vagueio, disperso em memórias
Que nem de perto me fazem feliz.
Fui feito para sofrer?
Inteiro por fora
Mutilado por dentro.

Minhas cicatrizes não são belas
Muito menos sinais de resistência
Elas são frias e feias na pele exposta
E refletem minha alma sem flores.

Natureza morta meu coração sem canto
Incapaz de atrair vida ou amor. Sou estéril.
Beleza não há, não há... não há.
Paraíso imperfeito, até a feiúra me rejeita.

Céu bendito por que disso?
Pudera eu ao menos ser chuva
Para cumprir um ciclo:
Cair, vivificar, subir novamente e cair outra vez.
Mas eu só caio, caio e caio.
Quem me estendera à mão no fim?
Terei eu uma mão no fim?

Piedade Senhor, Piedade
Pois só vejo o mundo
Através de uma parede de lágrimas.
Que triste é isso Senhor!
Meu sol nunca está seco.
Sou a cólera em dilúvio
Num homem poeta desértico.

Piedade Senhor, Piedade.

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