quinta-feira, 28 de abril de 2016

POESIA - O HOMEM E A MORTE, EU PLAGIANDO MANUEL BANDEIRA - THIAGO LUCARINI

— Tu és a morte? pergunta.

Lá de longe
Do norte sem sorte
Veio cheia de candura
A boa morte
Cumprir ofício com aqueles,
Que da vida se despedem.

— A morte sou!
Venho trazer-te descanso
Do viver que te humilhou.

Veio à morte aliviar o cansaço
Das costas dos que sofrem,
Pôr bálsamo nos pés calejados.
Ó quão santa samaritana ela é.

Pensava em ti com terror...

Ninguém cuida dos mortos
E dos homens mais que
A nobre morte marginal.
Dos vivos ela absorve toda a dor.

A fronte do homem tocou,
Com infinita doçura
Depois com o maior carinho
Os dois olhos ela cerrou.

A doce morte ao ir embora,
Comovida a porta do casebre fechou,
E fez brotar do chão
Uma rosa branca, um ídolo nascido

De amor pelo vivo que morto se tornou.

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