segunda-feira, 11 de abril de 2016

POESIA - O ROUXINOL E A ROSA - THIAGO LUCARINI

Razão, pouco válida
Escudo, uma folha de papel em branco
Espada, uma caneta carregada de tinta.
Com estes três elementos sagrados
Construo o Paraíso, ambíguo, também teço o inferno.
Trabalho sob o signo da inspiração
Meu burlesco coração aventureiro de palavras
Minha alma um emblema poético
Deste corpo sonhador e sofredor.

A Poesia é a roseira improdutiva de pétalas rubras
O poeta é o rouxinol que se aperta contra o devasso espinho
Fazendo nascer do seu coração sacrificado a rosa tingida de vermelho
Resultado da entrega conjunta do sangue do Poeta (rouxinol) e da Poesia (roseira).

Nada é mais belo e triste que o canto
Dos dedos solitários do poeta a tecer
O corpo da dama verdadeira de lírica e estética
Na negra noite diluída em sonhos a alva crescente resplandece.
Poeta versando cantos, encantos e temores
Para sua amante tão humana, tão singela, tão gloriosa.
O Céu de Deus deve ter sido feito
Num momento de inspiração poética do Criador.

Lustrarei minhas penas, meu emblema, até que a alma seque
A última gota de poesia; extrairei tudo, tudo de mim
Sou devoto daquela que é a mais pura essência
Porei meu coração num espinho rosicler em nome
Da mais digna de amor verdadeiro
A Bem-amada, única e eterna: Poesia-rosa
Este é o sacrifício final do seu valente poeta-rouxinol.


* Poesia homônima de (O Rouxinol e a Rosa/ The Nightingale and the Rose – 1888). Um conto do escritor Oscar Wilde.

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