sexta-feira, 1 de abril de 2016

POESIA - A FLOR NO MEIO DO CAMINHO - THIAGO LUCARINI

No meio do caminho
Havia uma vermelha flor.
Perguntei-lhe:
O que fazes aí nobre flor?”
Ela respondeu:
Estou a olhar o caminho dos viajantes,
Cada qual, com sua história e trajetória.
Isso me fascina, por isso, nasci, aqui,
Bem no meio do caminho de idas e vindas.”
Rapidamente, preocupado, retruquei:
Mas tu não temes os perigos de morar aqui?
Ser pisada ou atropelada por carroças?”
Ela risonha disse:
Não me importo, me sacudo toda
Contorço-me como ninguém, ás vezes,
Perco uma folha, arranho uma pétala.
Um preço baixo a pagar pelas histórias
Inusitadas e divertidas que vejo e ouço.”
Fiquei extasiado com tão serena flor
Logo lhe desejei boa sorte em sua permanente
Estada, e segui meu caminho. A flor ficou ali
No meio da senda, vermelha como o sangue
Escutando histórias passageiras da vida.

Num dia distante um novo transeunte passava
Por aquelas bandas. Assim que ele viu
Tão vermelha flor sem pestanejar
Abaixou-se e arrancou a flor pela raiz.
Em seus últimos suspiros a flor perguntou:
Porque fizeste isto, homem? Não fiz a ti mal algum?”
O homem de sorriso encardido respondeu:
Não gosto de flores fofoqueiras no meio do caminho,
Ainda mais se for vermelha. Odeio, odeio.”
E assim, a flor vermelha morreu

Atirada na sarjeta à beira do caminho. 

2 comentários:

  1. Comparando com a vida, sempre haverá as pessoas que adoram uma história, mas não sabem apenas escuta-la e aumentam, inventam e espalham para todo mundo; tem aqueles que respeitam essa pessoa, mas terá aqueles que cortarão pela raiz e a deixará á beira do caminho.

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  2. Gostaria muito de agradecer seus iluminados comentários. Eles são sempre tão motivadores, obrigado por me ler e me fazer feliz. Abração.

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