terça-feira, 5 de abril de 2016

POESIA - MERGULHO SEM VOLTA A SUPERFÍCIE - THIAGO LUCARINI

Pulei do Porto de Sal
Visitei o mundo dos afogados
De haustos equóreos e ralos.
Vi suas dorsos brancos e flácidos
Como barrigas de peixes antigos.
Mergulhei nestas águas negras e frias
Águas de dura e perene melancolia.
Dali não se vê farol, praia, horizonte
Ou mesmo o porto do qual pulei.
Ali só se pode ir para o fundo
Com pressão sufocante, mas fique
Tranquilo ali não se morre apenas sofre
Sob a força pragmática da desilusão
Vive-se embalsamado em águas de solidão
Deste mergulho sem volta a superfície,

Mas de conservação eterna e suspensão.

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