quarta-feira, 20 de abril de 2016

POESIA - CACHORRO MORTO - THIAGO LUCARINI

O cachorro morto
No meio do asfalto
Não completou
A travessia da pista
Na vida transitória.
Por vezes, me sinto
Este peso incoeso preso
Entre um algo e outro.
Sou a velha canoa
Naufragada no meio do rio,
A borboleta soterrada
Sob pétalas perfumadas
No meio do jardim,
O amor encerrado
Numa ligação ao meio-dia,
O palhaço sem sorriso
No meio do solitário circo,
O útero aberto a meia-noite
(meio-termo bom da criação)
A morte no meio do caminho
(Termo decisivo do fim).
Vago pelas metades
Meia hora, meio humano,
Meio homem, meia vida.
Sou o cachorro morto
Sob a linha contínua

Amarela interrompida.

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