sábado, 23 de abril de 2016

POESIA - FARELOS E FARRAPOS, SIGILO E SILÊNCIO - THIAGO LUCARINI



Todas as gotas
São partes
Do arco-íris.
Sônia Elizabeth

O quê fora eu
Além de um todo partido?
Configurei-me em cacos.
Saber do meu martírio
Não aplacou o suplício
De ser um pedaço quebrado.
Foi então, que num belo dia
Olhei para as coisas pequenas
Fragmentas das enormidades.
Vi as formigas trabalharem
Em sigilo e silêncio na labuta.
Vi o grão de areia queimar
Na sustentação do Universo
E brilhar sem se importar.
Vi das gotas de águas
Nascerem oceanos e arco-íris.
Vi a semente gerar gigantes
De copas frondosas e raízes fortes.
Vi de o poeta sair poemas
A povoar a imaginação do mundo.
No fim, vi minha vida espedaçada
Colar os farelos e farrapos de si
Refazendo-se, livrando-se
Das arestas, e entrando em festa
Ao perceber que toda pequena coisa
Faz-se milagrosa grande coisa
Dependendo do ângulo do olhar.

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