sexta-feira, 29 de abril de 2016

POESIA - ESTABELECENDO O OFÍCIO DA MORTE - THIAGO LUCARINI

Ó Morte és um lembrete perpétuo
De que a Vida vale à pena.
Então, homens roguem
Para que a Vida seja intensa
E a Morte serena.

Morte velha, sempiterna,
Antes de o homem adentrar o Éden
E institui-la pelo profano pecado
Já sopravas a chama das estrelas
Nos pórticos do manso Universo.

Em dependente e endêmico segredo
Sabemos que foste a primeira amante de Deus
E como presente lhe dado em sinal de bom grado
Deste rebento e santificado afeto divino
Recebeste o corte da vida dos filhos rebeldes do Criador.

Por isso, aonde pisas
Os pássaros encerram o canto
Os ventos se calam, a noite clareia,
O dia escurece, as flores murcham

E os homens descem em lágrimas à sepultura.

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