segunda-feira, 10 de julho de 2017

POESIA - APOTEOSE APOÉTICA - THIAGO LUCARINI



Vejo um mar de vômitos
Escombros e decomposição
Urubus secos voam no alto
Larvas surfam a onda do momento
Comendo e bebendo a podridão deixada
Como rastro de merda no vaso.
As flores exalam o fedor ocre de urina
Banhadas em porra criativa,
Diluente e básica vinda do saco
De ânsia e enjoo dos arcanos.
Tudo avesso, carapaça humana
Quebrada, entranhas expostas
Tripas cheias de vermes e fezes
Uso meus ossos como espada
Cortando a semântica e apagando o léxico.
Tabu solitário, antilírico, mórbido
Dejeto, escarro poético, chorume sem lágrimas
Sou um hemofílico sangrando
Seu dizer sujo, baixo e promíscuo.
Ardem as chamas sulfúricas do inferno
Queimando a velha e pomposa beleza
Lírica e comportada, enterrando-a
No pântano do esquecimento amargo.
Fecha-se o tempo como Praga Divina
Chove enxofre e navalhas afiadas
Uma clara violação nesta hedionda
Apoteose apóetica e profana
Nasce uma poesia sem significado
E estruturalmente muito feia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário