sexta-feira, 28 de outubro de 2016

POESIA - DAMA DA NOITE (SEIO DE MULHER) - THIAGO LUCARINI

A lembrança é no amor a cadeia mais pura.
Manuel Bandeira

Encerramento poético do dia
Ela veio, santa, imaculada
E despiu-se diante de mim na noite
Uma flor de candura bendita,
Pele branca, perfumada e lisa.

Enroscou teu pudor ao meu,
Corpos sedentos e molhados.
Eu fascinado coloquei teu seio rosado
Na boca, ela gemeu, enquanto
Acariciei teu vale de lírios ardentes.
Nos incendiamos na volúpia, mas também em amor.

Marte e Vênus.
Mágica da devoção carnal,
Enlevo dos sexos soberanos
Entrega sublime sem negação
Pertencentes unicamente ao gozo.

Sua língua de prazeres atrevida
Riscou meu corpo acendendo a chama proibida.
Bebi do seu néctar de mulher,
Enquanto os lírios se alimentavam
Do leite da criação original e perfeita
Seiva distinta da fêmea do Paraíso.

Mulher, dama da noite, feminina
Mina de tesouros, perfume do êxtase,
Pétalas de sensualidade voluntária.
Consome-me sem piedade até as cinzas
Antes do alvorecer, pois
Toda mulher no final da noite
Vira eterna flor.

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