Manuel Bandeira
Encerramento
poético do dia
Ela
veio, santa, imaculada
E
despiu-se diante de mim na noite
Uma
flor de candura bendita,
Pele
branca, perfumada e lisa.
Enroscou
teu pudor ao meu,
Corpos
sedentos e molhados.
Eu
fascinado coloquei teu seio rosado
Na
boca, ela gemeu, enquanto
Acariciei
teu vale de lírios ardentes.
Nos incendiamos na volúpia, mas também em amor.
Marte
e Vênus.
Mágica
da devoção carnal,
Enlevo
dos sexos soberanos
Entrega
sublime sem negação
Pertencentes
unicamente ao gozo.
Sua
língua de prazeres atrevida
Riscou
meu corpo acendendo a chama proibida.
Bebi
do seu néctar de mulher,
Enquanto
os lírios se alimentavam
Do
leite da criação original e perfeita
Seiva
distinta da fêmea do Paraíso.
Mulher,
dama da noite, feminina
Mina
de tesouros, perfume do êxtase,
Pétalas
de sensualidade voluntária.
Consome-me
sem piedade até as cinzas
Antes
do alvorecer, pois
Toda
mulher no final da noite
Vira
eterna flor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário