segunda-feira, 24 de outubro de 2016

POESIA - CAMILA - THIAGO LUCARINI



Teu corpo magro, diáfano
É sinal da sua intransigência velada.
Lembre-se: seus óculos não são escudos
Mais do que consertar, eles embaçam a tua visão.
Magra, magra, magra
Camila, a sábia inquestionável
Discordo, discordo.”
Um sorriso gentil, mas por trás sempre um
Discordo, vigoroso discordo.

Pequena mulher poética e romântica,
Sem ser poetisa, coisinha pouco vivida
Tens a alma gentil e inocente,
Não há pecado algum nisto.
Todavia, a vida é dura!
Nem tudo tem razão ou é
Como queremos que seja.

Nenhum autor vivo ou morto
Pode explicar a vida, sequer a religião facetada
E isso não é ateísmo da minha parte.
Por isso, um conselho gasto:
“Venda um tanto de Discordos vagos.
Salve o seu trêmulo coração.”

Apesar de pequena e magra
A vida tratará de lhe ensinar
As feridas e espinhos deste caminho dos viventes.
Ela não tem dó de ninguém,
Muito menos dos pensadores
(Muito menos dos pensadores)
Creio que serás um tanto mais sábia
Não que sejas tola, longe disso, Camila.

Mas alcançará de fato iluminância
Só depois de ter sua psicologia quebrada
E lhe for injetada uma dose de realidade crua.
Só assim, possivelmente aceitarás amargamente
Que nem tudo, nem todos têm salvação.

Como eu, alheio.
Como ele, com ela.
Como ela, com ele.
Como Deus, sozinho.

Camila veemente grita:
“Discordo!”

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